quinta-feira, 29 de abril de 2010

De ontem em diante

Por: Fernando Anitelli

De ontem em diante serei o que sou no instante agora
Onde ontem, hoje e amanhã são a mesma coisa
Sem a idéia ilusória de que o dia, a noite e a madrugada
são coisas distintas
Separadas pelo canto de um galo velho
Eu apóstolo contigo que não sabes do evangelho
Do versículo e da profecia
Quem surgiu primeiro? o antes, o outrora, a noite ou o dia?
Minha vida inteira é meu dia inteiro
Meus dilúvios imaginários ainda faço no chuveiro!
Minha mochila de lanches? 
É minha marmita requentada em banho Maria!
Minha mamadeira de leite em pó
É cerveja gelada na padaria
Meu banho no tanque?
É lavar carro com mangueira
E se antes, um pedaço de maçã
Hoje quero a fruta inteira
E da fruta tiro a polpa... da puta tiro a roupa
Da luta não me retiro
Me atiro do alto e que me atirem no peito
Da luta não me retiro...
Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem.

 Fica a dica!

sábado, 17 de abril de 2010

Domingo


Eu preciso escrever...

Às vezes as pessoas não entendem o porquê do meu preconceito pelo dia de domingo. Pode reparar que ele é o único dia do calendário marcado com uma cor diferente
ele é um dia diferente, e o problema não é como ele começa, mas como ele chega ao fim. Acho que escrevendo as pessoas podem até não entender, mas elas vão me entender agora.

Acordei com a voz na minha mãe, isso não é perfeito? Acordei olhando pra ela, sabendo que ela estava na minha casa. Isso é algo raro de se acontecer a quatro anos, mas estava acontecendo, e eu me senti feliz.
Sentamos-nos pra conversar sobre todos os assuntos possíveis que amigas conversam, ensinei a ela algumas coisinhas de internet, falamos dos planos para o futuro próximo e ela então começou a fazer o nosso almoço.

Quando me vi, estava diante de pessoas que eu me sinto bem em tê-las perto, num momento de confraternização onde todos estavam rindo, felizes por estar almoçando, felizes por estarem com saúde, juntos...

Depois do almoço, no momento em que sempre bate aquela vontade de deitar, o fizemos. Começamos a ver um filme interessante, que eu já tinha visto, mas estava tão feliz com aquele momento que nem pensei nisso, inclusive, nas cenas finais do filme chorei de emoção como se eu tivesse vendo-o pela primeira vez.

Naturalmente, como em quase todos os 52 domingos do ano, passou um jogo de futebol, e por sinal era um jogo bom, pois era a final da Taça Rio com o meu time do coração jogando.

Flamengo x Botafogo
O jogo começou com as apostas de resultado já feitas e eu não estava muito feliz de ouvir os berros dele, mas afinal, isso também se torna legal e emocionante numa hora dessas.
O Botafogo fez o primeiro gol e quem gritou foi gente de fora, pois dentro de casa era a unanimidade era rubro-negra.
Minha mãezinha fez massagem em minhas costas com os pés e nós brincamos com essa situação, escrever isso é bobo pra qualquer um, menos pra mim.
O Flamengo fez um GOLLLLLLLL... UHULL ficamos felizes!!
Aí então o apito soou para o intervalo enquanto nós conversávamos animadamente.
No segundo tempo eu fiquei mais animada e tensa... Achava que o jogo ia pros pênaltis.
O Botafogo fez outro gol, desempatando o jogo para a alegria deles.
Meu coração acelerando tanto pelo jogo, quanto pela hora. Queria ter mais essa alegria.
O Flamengo ficou mais ofensivo e minha cabeça ferveu, mas...
O Botafogo ganhou o jogo, a Taça Rio e o Campeonato Carioca!
Tudo bem, passou rápido, junto com a desaceleração do meu coração.

A única coisa que não passou foi a tensão de saber que a hora estava passando, o dia estava acabando.

Aconteceu exatamente o que eu previa, minha mãe pegou as bolsas e começou a arrumar, há pouco tempo ela estaria indo embora e foi aí que eu entendi porque eu não queria que aquele jogo acabasse nunca.

Todos nós brincamos mais um pouco, eles sorriram sinceros, mas eu não.
Quando o telefone tocou e era o meu irmão com aquela notícia de que ele já estava chegando para buscar a mamãe eu já tinha me conformado com os fins e com os inícios.

Ajudei a minha mãe a colocar a acabar de arrumar a mala, trocamos de roupa e depois de mais uma risada de uma de nossas tantas trapalhadas, fomos lá pra fora esperar o meu irmão chegar.

Ele chegou, me deixou uns livros, eu me despedi da mamãe agradecendo-a por tudo que ela fez naquela semana por mim, me despedi dele agradecendo também pela palestra que ele deu na faculdade, fechei a porta do carro e voltei pra casa.

Era o fim de um final de semana maravilhoso, início da saudade que eu tenho por essas pessoas da minha família. Era o fim de mais um final de semana e início de outra. Era o fim de mais uma realidade de alegrias que mais parecia um sonho, e início de um pé no chão da vida que tem problemas e que a gente tem que ir a luta.

Quando eu cheguei em casa e vi que tudo estava como antes, que a minha vida voltou a ser aquela mesma e que o máximo de adrenalina que eu vou ter é ver no fantástico uma notícia trágica, eu comecei a chorar...

Domingo é assim, começa feliz, com os espaços todos ocupados, com o calor todo completo, depois os espaços começam a se esvaziar, o frio começa a chegar e a monotonia volta. As famílias se reúnem, os amigos se vêem, mas no final do dia de domingo todo mundo volta pro seu mundo e descobre que dali em diante vai ter que fazer tudo de novo, isso não é triste? E comigo essa sequência de coisas sempre acontece independente de quais sejam as pessoas ou os lugares, independente se eu estou indo ou se vou ficar.

Bem, toda regra tem exceção, as vezes os outros dias da semana podem ser assim também, e eu costumo dizer nesses dias que “eu estou sentindo o vazio do domingo” e as vezes o domingo pode ser monótono o dia todo, então eu nem me abalo, e as vezes ainda, eu não me importo com o que acontece, e tudo fica normal.

Bem, já falei demais, eu preciso ir, pois o Faustão me espera e o fantástico também, e depois disso, só vai me restar dormir e esperar o início do novo ciclo semanal, esperar a Segunda-feira

É irônico, mas... Bom final de domingo para todos e até qualquer dia.